Calendário Pagã: 31 de Janeiro - Deusa Hecate
Hécate (em grego clássico: Ἑκάτη Hekátē ou Ἑκάτα Hekáta; transl.: Hekátē) é uma deusa da mitologia grega, naturalizada na Grécia micénica ou na Trácia, mas oriunda das cidades cárias de Anatólia, região onde se atestam a maioria dos seus nomes teofóricos, como Hecateu e Hecatomno, e onde Hécate era vista como Grande Deusa em períodos históricos, no seu inigualável lugar de culto em Lagina. Deusa das terras selvagens e dos partos, era geralmente representada segurando duas tochas ou uma chave, e em períodos posteriores na sua forma tripla. Estava associada a encruzilhadas, entradas, fogo, luz, a lua, magia, bruxaria, o conhecimento de ervas e plantas venenosas, fantasmas, necromancia e feitiçaria. Ela reinara sobre a terra, mar e céu, bem como possuía um papel universal de salvadora (Soteira), Mãe dos Anjos e a Alma do Mundo Cósmico. Ela era uma das principais deidades adoradas nos lares atenienses como deusa protetora e como a que conferia prosperidade e bênçãos diárias à família. Hécate pode ter se originada entre os Carianos na Anatólia, onde variações do seu nome são usadas para dar nome a crianças. William Berg observa, "Como as crianças não recebem nomes de espectros, é seguro assumir que os nomes carianos envolvendo hekat- referem-se a uma deidade principal livre da escuridão e de ligações com o submundo e bruxaria associadas à Hécate da Atenas clássica." Ela também parece associada à deusa romana Trivia, com a qual foi identificada em Roma. Nome A etimologia do nome Hécate (Ἑκάτη, Hekátē) não é conhecida, e existem algumas sugestões para a mesma: Da palavra grega que significa 'vontade'. de Ἑκατός Hekatos, um epíteto obscuro de Apolo[carece de fontes]. Neste caso é traduzido como "a que opera à distância", "a que remove ou move" , "a que alcança longe" ou "a que lança dardos longe". o nome da deusa egípcia do nascimento, Heket. Representações As representações gregas mais antigas mostram a deusa com apenas uma face, e não com a forma tripla. Farnell aponta "a evidência dos monumentos em relação ao caráter e significância de Hécate é quase tão completa quanto da literatura. Mas é só no período mais tardio que ela começa a expressar sua natureza múltipla e mística". O monumento mais antigo conhecido é uma pequena terracota encontrada em Atenas, com uma dedicação a Hécate, no estilo de escrita do 6º século. A deusa aparece sentada em um trono com uma grinalda em torno de sua cabeça, mas sem qualquer atributo ou caractere, e o único valor desta obra, que é de um tipo evidentemente geral e tem uma referência especial e nome meramente da inscrição, é que ela prova que a forma simples como sendo a mais antiga, e datando seu conhecimento em Atenas para antes da invasão persa. O viajante do segundo século Pausânias declarou que Hecate foi representada em triplicata pela primeira vez pelo escultor Alcamenes, no período Grego Clássico do final do século 5 AEC, em uma estátua que foi colocada em frente à deusa Nike Áptera. As convenções antropomórficas gregas resistiram à representação dela com três faces, uma escultura votiva da Ática do século 3 AEC (ilustração à esquerda) mostra três imagens simples contra uma coluna, em torno da qual dançam as Graças. Algumas representações clássicas mostram ela como uma triplicata de deusas segurando uma tocha, uma chave, serpentes, adagas e vários outros itens. Representações tanto de uma deusa simples e com formato triplo, bem como descrições com quatro cabeças continuaram a surgir pela história. Hécate foi associada às encruzilhadas (de 3 caminhos) porque uma encruzilhada, nada mais é do que um cruzamento de caminhos, e Hécate é a Senhora dos caminhos,e por uma encruzilhada simbolizar a natureza tripla de Hécate (Donzela, Mãe e Anciã; Passado, Presente e Futuro; Vida/Morte/Renascimento ou Submundo/Terra/Olimpo), mas tem mistérios mais profundos, depois de cruzar o Stix,uma alma grega antiga de alguém que havia falecido recentemente, deveria se encontar num lugar onde três estradas se encontram para serem julgadas (pelos 3 Juízes do Hades, Radamanto, Éaco e Minos). A encruzilhada é a parte onde os caminhos se cruzam. É, apesar de sua forma geométrica, o local dos demônios. Nas encruzilhadas os gregos e romanos depositavam presentes a Hécate, aos fantasmas. “A encruzilhada tem sido um tema recorrente em toda a história da nossa cultura como sintoma de crise e transformação. Quando nos encontramos num dilema, indecisos em optar por uma das múltiplas oportunidades que nos oferecem, dizemos estar numa encruzilhada. A encruzilhada é um ponto de ruptura e mudança. Na história da Magia as encruzilhadas de Hécate eram lugares onde nos encontrávamos com os nossos mortos e os nossos atavismos. Aí exaurimos o sangue de nossas libações de modo que, cedendo um pouco da nossa substância de vida, trouxéssemos à vida o passado morto e esquecido. Não é possível transformarmo-nos sem cedermos uma parte de nós, representada pelo conforto e desejos compulsivos, que alimentam a nossa mediocridade e alienação. A Iniciação à “Bruxaria Sobrenatural”, expressão cunhada pela historiadora húngara Eva Poes, começa, por isso, sempre na encruzilhada, na crise. Ela exige que cedamos um pouco de nosso ego em troca de algo superior. Assim, a encruzilhada é o lugar onde se perde a razão. É o sítio dos enforcados. Mas eu diria que não é a razão que perdemos mas a nossa máscara, onde se sedimentaram os condicionamentos da religião e da sociedade. O despertar começa contra ambos. É o que o poeta René Daumal chamava a guerra santa.” Gilberto de Lascaris.