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Calendário Pagão: 15 de Junho - Deusa Mnemosync



Na mitologia grega, a Memória tem origem divina e é personificada através de Mnemosyne, a titanide filha da deusa Gaia e do deus Urano (CARAZZAI; WERTHEIN, 2000, p. 10). Além de ser filha da Terra e do Céu, Mnemosyne também é irmã do Tempo (Cronos), tida como a protetora das Artes e da História, do que ressalta a sua íntima relação com o patrimônio cultural: não é à toa que é considerada a mãe das Musas. A deusa Memória carrega o bastão da sabedoria talhado em loureiro (skeptron) e sua função é revelar o que foi e o que será (VERNANT, 1990, p. 141). Presidindo a função poética, concedia aos poetas e adivinhos o poder de voltar às origens e à essência (geralmente identificadas com o passado) e lembrá-las para a coletividade e também conferia o dom da imortalidade, pois quem se torna memorável não morreria jamais (CHAUÍ, 2001, p. 126). Olha a ilustração de Rossetti: Uma das funções mais importantes da memória é ser fonte de respostas às questões que intrigam o ser humano - a sua origem, identidade e a sua posição e papel no mundo - por isso é muito significativo que Mnemosyne esteja ligada à faculdade da orientação e da desorientação no tempo e no espaço (DANTAS, 2010). Outra função importante da Deusa Memória era a seleção das informações que seriam transmitidas, por isso existe uma relação entre Mnemosyne e Lemosyne (esquecimento). A sacralização da memória e sua representação como uma deusa mostram a sua importância social, além da sua vinculação com Artes, a História, e a Ciência, representadas pelas Musas que não só são suas filhas mitológicas, mas que por ela são nutridas com informação. A Memória ainda foi considerada parte da virtude da Prudência, juntamente com a Inteligência e a Providência, por São Tomás de Aquino. Mas finalmente estabeleceu-se enquanto técnica ou ferramenta (mnemotécnica), baseada na sistematização dos registros a partir da criação de lugares e de uma ordem de disposição específica. Esse caráter utilitário da memória parece que está predominando, haja vista a ânsia de êxito em provas, vestibular, e principalmente em concursos públicos. A necessidade de acumular informações para ter sucesso profissional tem levado a uma busca incessante por livros e métodos que prometem o incremento da capacidade de memorização. Entretanto, não podemos esquecer que a memória não é um simples depósito. Para ser eficiente, enquanto fonte informação, também exige inteligência, sagacidade, sensibilidade e a capacidade de realizar associações e abstrações. Outra função interessante para a memória é o entretenimento, ótima para aqueles momentos de espera infindável (fila de banco, de consultório médico, esperando o ônibus). Ficar lembrando de fatos e pessoas engraçadas pode proporcionar muita diversão, embora frequentemente cause estranheza nas pessoas em volta (Como pode se divertir nessa fila gigantesca, e nesse calor? Só pode ser doida), agravada por ocasionais gargalhadas solitárias. É claro que se pode usar a memória para fins mais nobres, por exemplo, fazer o exercício disciplinado diário de realizar o exame de consciência dos pitagóricos, conhecendo a si mesmo pelos seus próprios meios. Mas, por enquanto, vamos pensar apenas nos aspectos mais divertidos da memória. REFERÊNCIAS CARAZZAI, Emilio; WERTHEIN, Jorge. Memória, um lugar a ser visitado. In: UNESCO. Patrimônio mundial no Brasil. Brasília: UNESCO: Caixa Econômica Federal, 2000. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2001. DANTAS, Fabiana Santos. Direito fundamental à memória. Curitiba: Juruá, 2010. VERNANT, Jean-Pierre. Mito e Pensamento entre os gregos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.


Fonte: http://direitoamemoria.blogspot.pt/2011/01/deusa-memoria.html


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