Calendário Pagão: 26 Dezembro - Celebração de Lilith
Mencionada nos antigos mitos hebreus como a primeira mulher de Adão, Lilith foi criada ao mesmo tempo que ele, tendo desfrutado dos mesmos direitos. Adão, no entanto, queria que ela fosse mais submissa, ficando sempre por baixo dele durante o ato sexual. Lilith rebelou-se e fugiu, escondendo-se às margens do Mar Vermelho. Em lugar de Lilith, Deus criou então Eva da costela de Adão. Eva, por não lhe ser igual, precisava acatar sua supremacia, obedecendo a suas regras patriarcais. As escrituras judaicas transformaram então Lilith em uma figura demoníaca, Lilithu, a Mãe dos Demônios, que deu origem, na Idade Média, aos ìncubos e súcubos, vampiros sexuais masculinos e femininos. Originariamente, Lilith era a padroeira das gestantes, das mães e dos recém-nascidos, mas as deturpações judaicas denegriram-na, tornando-a Rainha das Bruxas, o demônio que roubava o leite das mães, as almas das crianças e a virilidade dos homens. Recomendava-se usar amuletos cabalísticos contra os poderes nefastos de Lilith e praticar abstinência sexual. Lilith, atualmente, é o nome usado na astrologia para designar tanto a Lua Negra, quanto um asteróide que influencia a sexualidade humana. Alfabeto de Ben-Sira No folclore popular hebreu medieval, ela é tida como a primeira mulher criada por Deus junto com Adão, que o abandonou, partindo do Jardim do Éden por causa de uma disputa sobre igualdade dos sexos, passando depois a ser descrita como um demônio. De acordo com a interpretação da criação humana no Gênesis feita no Alfabeto de Ben-Sira, entre 600 e 1000 d.C, Lilite foi criada por Deus com a mesma matéria prima de Adão, porém ela recusava-se a "ficar sempre por baixo durante as suas relações sexuais". Segundo este manuscrito milenar, Ben Sira conta a história de Lilite para Nabucodonosor: Depois que Deus criou Adão, que estava sozinho, Ele disse: 'Não é bom que o homem esteja só "(Gênesis 2:18). Ele então criou a mulher para Adão, da terra, como Ele havia criado o próprio Adão, e chamou-a de Lilite. Adão e Lilite imediatamente começaram a brigar. Lilite disse: "Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo? Por que ser dominada por ti?" Contudo, eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual." Quando reclamou de sua condição a Deus, ele retrucou: "Eu não vou me deitar abaixo de você, apenas por cima. Pois você está apta apenas para estar na posição inferior, enquanto eu sou um ser superior." Lilite respondeu: "Nós somos iguais um ao outro, considerando que ambos fomos criados a partir da terra". Mas eles não deram ouvidos um ao outro. Quando Lilite percebeu isso, ela pronunciou o Nome Inefável e voou para o ar. Adão permaneceu em oração diante do seu Criador: "Soberano do universo! A mulher que você me deu fugiu!". Ao mesmo tempo Deus enviou três anjos para trazê-la de volta. Os três anjos foram insistiram que ela voltasse e ameaçaram afogá-la, porém ela se recusou a voltar, sendo assim condenada por Deus a perder cem filhos por dia. Desde então, para proteger os recém-nascidos da influência de Lilite, seria necessário colocar amuletos com o nome dos 3 anjos (Snvi, Snsvi, and Smnglof), lembrando-a de sua promessa. Eva teria então sido criada a partir de Adão. Como outra interpretação diz que ela (Lilite) juntou-se aos anjos caídos quando se casou com Samael que tentou Eva ao passo que Lilite tentou a Adão os fazendo cometer adultério. Desde então o homem foi expulso do paraíso e Lilite tentaria destruir a humanidade, filhos do adultério de Adão com Eva, pois mesmo abandonando seu marido ela não aceitava sua segunda mulher. Ela então passou a perseguir os homens, principalmente os adúlteros, crianças e recém casados para se vingar. Outras histórias referem-se a ela como surgida das trevas ou como um demônio do mar e não como igual ao homem. Infere-se pelos textos e por amuletos medievais que ela era uma superstição comum entre os camponeses. Deixar esculturas dos 3 anjos que a perseguiram para fora do Éden, Sanvi, Sansavi e Samangelaf, protegeria os bebês recém-nascidos (uma proteção necessária por 8 dias para homens e 20 dias para mulheres) e impediria que seus maridos fossem seduzidos por Lilite a cometer [adultério]. Mitologia Suméria A imagem de Lilite, sob o nome Lilitu, apareceu primeiramente representando uma categoria de demônios ou espíritos de ventos e tormentas na Suméria por volta de 3000 a.C. Muitos estudiosos atribuem a origem do nome fonético Lilite por volta de 700 a.C. Na Suméria e na Babilônia ela ao mesmo tempo que era cultuada era identificada com os demônios e espíritos malignos. Seu símbolo era a lua, pois assim como a lua ela seria uma deusa de fases boas e ruins. Alguns estudiosos assimilam ela a várias deusas da fertilidade, assim como deusas cruéis devido ao sincretismo com outras culturas. Mitologia Mesopotâmica Ela é também associada a um demônio feminino da noite que originou na antiga Mesopotâmia. Era associada ao vento e, pensava-se, por isso, que ela era portadora de mal-estares, doenças e até mesmo da morte. Porém algumas vezes ela se utilizaria da água como uma espécie de portal para o seu mundo. Também nas escrituras hebraicas (Talmud e Midrash) ela é referida como uma espécie de demônio. Mitologia Hebraica A imagem mais conhecida que temos dela é a imagem que nos foi dada pela cultura hebraica, uma vez que esse povo foi aprisionado e reduzido à servidão na Babilônia, onde Lilite era cultuada, é bem provável que vissem Lilite como um símbolo de algo negativo. Vemos assim a transformação de Lilite no modelo hebraico de demônio. Assim surgiram as lendas vampíricas: Lilite tinha 100 filhos por dia, súcubus quando mulheres e íncubus quando homens, ou simplesmente lilims. Eles se alimentavam da energia desprendida no ato sexual e de sangue humano. Também podiam manipular os sonhos humanos, seriam os geradores das poluções noturnas. Mas uma vez possuído por uma súcubus, dificilmente um homem saía com vida. Há certas particularidades interessantes nos ataques de Lilite, como o aperto esmagador sobre o peito, uma vingança por ter sido obrigada a ficar por baixo de Adão, e sua habilidade de cortar o pênis com sua vagina segundo os relatos católicos medievais. Ao mesmo tempo que ela representa a liberdade sexual feminina, também representa a castração masculina. Pensa-se que o Relevo Burney, um relevo sumério, represente Lilite; muitos acreditam também que há uma relação entre Lilite e Inanna, deusa suméria da guerra e do prazer sexual. Mitologia grega Algumas vezes Lilite é associada com a Deusa grega Hécate, "A mulher escarlate", uma Deusa que guarda as portas do inferno montada em um enorme cão de três cabeças, Cérbero. Hécate, assim como Lilite, representa na cultura grega a vida noturna e a rebeldia da mulher sobre o homem.